É madrugada, para ser exato, as 3h, o despertar vem pelo choro, é ardente, gritante, relevante, viro de um lado para o outro, o choro não para, não da trégua, pausa. Chega ser irritante, logo cai a ficha, sou pai, tenho um bebe em casa, e bebes choram. Carol diz em um tom cansado "amor já fiz de tudo, ele não para de chorar".
Estranho, mas o choro é o discurso da alma, as palavras do desespero,
o rugir da alegria. É memorável as lembranças de criança, a cada tombo de bicicleta
um choro, lembro como se fosse ontem, cortei minha cabeça e eu chorava
desesperadamente dizendo "ficarei louco", hahaha, acho que a loucura
foi pouca, não ouso tanto como os loucos.
Os médicos, pela ordem de seus ofícios, da um tapa na
criança, para que chore. É o choro da vida, do nascimento. No mesmo ambiente, a
mãe deitada ouve o chorinho e chora, mas de alegria, de alivio, é o choro da
conquista, da superação, da emoção, é o choro de mãe. Tempos depois, a mãe
chora por ter que virar as costas quando deixa seu filho no primeiro dia de
aula. Depois o choro é desgostoso, seu filho reprovou em mais um ano escolar, o
tempo por sua vez costuma ser generoso, o próximo choro da mãe será pela
entrega de seu filho no altar para sua nora, o meu Deus, meu bebezinho vai se
casar!
O ciclo do choro é existencial, é necessário. O choro subsiste
na emoção, não se chora por chorar, só por derramar lágrimas, quem assim chora
é falso, vive de atuações, de encenações. Os que choram, experimentam a sensibilidade
que a vida proporciona.
Tenho dó, dó de quem não chora!
Inclemente choro.
Gleidson César
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