Quem manda em casa?

Três coisas aprendi com o casamento, a primeira é casamento engorda, por ironia estou 6 quilos mais fofo, a segunda é comunicação é tudo, proferir um amontoado de palavras não indica que me comuniquei da maneira certa, e a terceira e ultima coisa é que quem manda em casa não sou eu, então quem é que manda?

Legal que em boa parte das rodas onde o bate- papo é o casamento, ouvi piadas que certamente norteavam quem realmente mandava em casa, aquelas do tipo “quem da a ultima voz sou eu, minha esposa me manda lavar louça e eu digo já vou” ou “quem manda em casa é o galo, aí o homem olha para mulher e diz: né galo” piadas ou não aparte, vemos que em boa parte dos casamentos a mulher é quem manda em casa, confesso que entrei em crise por um dia acreditar que quem daria a voz dentro de casa fosse eu, egocêntrico como todo chefe de família, pude em minha arrogância imaginar que certamente todos comeriam depois que eu fosse servido, uma pena, descobri que tudo isso era mais que uma petulância, uma real fantasia que infelizmente muitos vivem.

Aos poucos, na convivência, me rendo ao servir a minha esposa só para ouvi-la dizendo “você colocou muito feijão” permito-me ser corrigido a todo tempo sem ter medo de ouvir não, gosto de incitar a saudade e mantenho-me distante por alguns momentos do dia para chegar em casa e receber um abraço apertado. A tantos desejos espalhados pelos cantos de nosso apartamento, que fico a vontade de compartilhar alguns, o desejo de cozinhar um para o outro, o desejo de deixar a casa limpa só para ter o prazer de ver o outro andar descalço, o desejo de levantar de forma sorrateira da cama para não despertar o sonho do outro.


Inúmeros são os desejos, descubro então que quem manda em casa não é minha esposa, muito menos eu, descubro que quem manda em casa é o Desejo, o desejo de fazer o outro feliz para ser feliz, o desejo de construir um relacionamento amigável, o desejo de compartilhar angustias para torna-las mais leves, o desejo de ser um mesmo sendo dois, o desejo de amar pelo simples saber que o verdadeiro amor lança fora todo medo. 

Quem eu encontrei



Caminhei muito pouco, trilhei aventuras seguras e algumas nem chegaram a produzir de fato medo, ou qualquer tipo de sensação experimentada por qualquer turma de escoteiros. Permeio então as poucas fronteiras que atravessei neste tempo de vida, acredite não foram muitas. Mas a vida é composta por novidades, sempre. Todas produzem efeitos diversos, alguns traumas irreparáveis, contudo sempre nos reserva boas doses de alegria.

Dentre tudo que acreditei, e acredito, não por interesse ou por qualquer desejo psicótico, mas pela vocação, aprendi a gostar e admirar pessoas quis e ainda quero aprender admirar quadros, uma boa música, anseio gostar da natureza e sua beleza, mas me limito em me esforçar a tudo isso, por isso aprofundo meus sentimentos com base nas pessoas, e por elas escrevo agora.

Encontrei muita gente, mas existem algumas que são marcantes, exuberantes e trágicas, como alguns amigos de adolescência e inicio da juventude, são eles parecidíssimo com nós mesmos, incrível que não só no estilo de vida, mas também na forma de pensar, mas conforme o tempo passou eles ficaram diferentes, me entristeci em saber que eles mudaram, queria eu da maneira que eles sempre foram, suas habilidades eram outras, se afunilaram com o tempo, e eu, os julguei doentes. Por outro lado me deparei com os incontroláveis e estranhos, defino essas pessoas como aquelas que fazem o que querem, quando e como querem, só tem um problema, gerador de outros vários, a consequência, que nem sempre era o esperado, geravam conflitos sociais, abismos existenciais e profunda tristeza na alma, e eu os julguei possessos. Apeguei-me ao simples fato de viver, e nesta linha reta, sem altos e baixos encontrei os frustrados, são ótimos de relacionamento, não possuem grandes ambições, alguns nem carregam esse desejo com eles, e os que carregaram certamente em algum momento bateram com a cara no muro, são eles responsáveis por toda passividade e pessimismo natural da vida, mas eu inclemente os julguei medíocres.

Diante de tantos encontros e desencontros posso concluir que “Conheci pessoas diferentes e julguei doentes, conheci pessoas estranhas e julguei possessas, conheci pessoas frustradas e julguei medíocres. Mas no meio do julgamento, olhei para os lados, e em todos os lados do tribunal, só vi espelhos.” Enfim, todo julgamento é precipitado e totalmente aliado àquilo que nós somos.